Benvindos
A chegada dos passageiros de todo o mundo que desembarcam aqui para descobrirem, mais uma vez, o novo mundo. Chegam em um avião vestidos de componentes lúdicos. Será um pássaro? Será um avião? O nordestino cearense montado no jumentinho faz a saudação de boas-vindas. E um traço se destaca: o cearense está acostumado a olhar para o céu. Ele sempre espera por chuva. E sempre está de braços abertos sinalizando a nossa grande virtude como povo, que é a hospitalidade.
Ceará Lúdico
Em CEARÁ LÚDICO trago todo o imaginário da cultura para povoar o espaço aéreo. Lamparina, peixes, aves, balões juninos, mandacaru, lagartos, violeiros, cajus, cavaleiros, todos em formas aladas.
Forró Nosso
A dança, presente na alma de todos os povos, toma no Ceará uma figuração bem personalizada. Homens e mulheres se mexem e remexem arrastando os pés, formando a humilde trilha sonora que surgiu nos forrós do pé de serra.
Mas os balões e as arraias sobem para enfeitar os céus, os componentes mágicos que entrelaçam os casais. Como escrevi certa vez: “No Ceará, a gente pega a mulher pela cintura, o boi pelo rabo e o sol com a mão”.
Iracema - A Flecha da Paz
Em Iracema, observem, até o peixinho é voador, as jangadas se destacam e os cabelos negros como as asas da graúna se revelam na ave que passa pelo arco.
Ela segura o arco com a mão esquerda, mas em sua direita a flecha está quebrada. A famosa flecha da paz, tema central da mensagem do encontro das civilizações. Os brancos foram recebidos de braços abertos.
Nas Asas da Imaginação
Esta paisagem aérea é uma expressão lúdica, uma homenagem ao ato de voar conquistado pelo homem. “Há mais coisas entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia”, não disse Shakespeare?
Pois aí estão os objetos voadores não identificados, os voadores do futuro, os novos habitantes do espaço? Mas a base, observem, é um aeroporto com a presença da mais simples nave, que é o aviãozinho de papel.
Nossa Senhora da Assunção
Nessa obra presente nas paredes do Fortaleza Airport, que me foi encomendada pela Fraport, há um ponto relevante a ser destacado, para aguçar o olhar do público: pessoas do Brasil e de fora que entram e saem do Ceará. É que o voo está presente em todos os painéis, há figuras aladas em todos eles. Desde o primeiro, o de Nossa Senhora da Assunção que sobe aos céus, nos pássaros que estão presentes emoldurando Iracema, se estendendo a todos os outros temas explorados. Quase tudo está voando, flutuando, ocupando os espaços aéreos. O Ceará se apresenta em pleno voo, histórico e cultural, tudo se apresentando em movimento.
Os holandeses fundaram o Forte de Schoonenborch em 1649. Mais tarde, em 1654, os portugueses os expulsaram e fizeram o Forte de Nossa Senhora da Assunção, que ficou sendo o nome da cidade.
Nossa Senhora, padroeira e protetora da cidade, não poderia deixar de ter ao seu lado a presença de um anjo sanfoneiro, uma ligação entre ela e a nossa nordestinidade.
Os Olhos do Mar
A jangada, o nosso elemento gráfico cultural mais significativo. É ela a explicação mais clara da nossa relação com o mar, de onde vem o peixe nosso de cada dia, pelas mãos dos bravos jangadeiros. Nada está parado nesta ilustração.
Homens, peixes, pássaros, ondas, velas, tudo se movimenta. Até o farol (“O velho e o novo”, no dizer do compositor Ednardo, os “Olhos do mar”), só o sol observa estático, mas o movimento de seus raios inunda com intensa luz todos os meandros do quadro.
Paisagem Cordel
Paisagens cordel são algumas representações gráficas do nosso cenário, no qual o componente principal é o traço do cordel que fiz migrar para o meu traço. Uma homenagem ao elemento mais importante do nosso design, que é a arte do cordel. Se nossa arte tem uma assinatura, ela está nos traços da gravura dos cordéis.
Pavão Misterioso
Uma máquina voadora desenhada e desenvolvida por um engenheiro chamado Edmundo, pago por um homem chamado Evangelista. Trata-se de uma história clássica do cordel brasileiro, transformado em romance por José Camelo e, anteriormente, por João Melchíades. O pavão alçou também um voo de grande alcance com a canção do compositor cearense, Ednardo. Nesse quadro coloquei-o como figura central, entre o céu acima de raias e balões e a jangada voadora, uma nave carregada com os componentes culturais cearenses.
Sertão
O vaqueiro, a sua montada, os frutos do mato, as aves cantantes, a paisagem estrelada do céu, os lagartos, a escola, o vilarejo, a igreja e o avião no alto céu indo ou vindo, chegando ou saindo, sinalizando o aeroporto, o voo são o tema central do painel.
O céu se apresenta muito mais forte, como a paisagem da noite na vida do nosso homem do campo. Suas noites têm mais estrelas, enriquecendo seus sonhos e seu imaginário. Este é o cearense verdadeiro. O cearense raiz, o nordestino que “é, antes de tudo, um forte” no dizer magistral de Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, a maior obra da literatura nacional.
Sol Ceará
Neste sol se apresentam os componentes culturais e históricos iluminados pela compreensão do fato de sermos habitantes da terra da luz. Nossa paisagem natural e cultural pautada pela simplicidade do semiárido. E nossa história destacada em todos os seus episódios de luta pelo amor à liberdade. Daí o título de Terra da Luz. No Ceará queremos ser livres. No Ceará não se admite embarcar ou desembarcar escravos. Essa foi a tradição recebida, o legado das gerações ancestrais.
Sol Mandala
O sol, o grande irmão de todos, o nosso grande astro que garante o verão tão procurado pelos que chegam das regiões frias. Aqui ele se apresenta como uma
imensa mandala, na qual os desenhos se movimentam através das posições desencontradas de cada um e sem uma geometria exata, de medidas certas, mas feito à mão como a própria arte popular cearense.